PET RECICLADO FAZ A DIFERENÇA NA MODA
Poucos sabem, mas duas garrafas
de dois litros de PET reciclado são suficientes para produzir uma camiseta -
quatro dão para uma calça comprida. Atenta ao nicho de mercado dos consumidores
ecologicamente corretos e também às propriedades do fio de poliéster produzido
a partir dessas embalagens, a Hering tem um grupo de produtos de malhas
composto por PET reciclado. Outras marcas como Oskler, Brookfield e a Mizuno
também se renderam ao toque incrível dessa fibra.
Essas empresas são apenas alguns
exemplos do farto uso do PET reciclado pela indústria têxtil, que absorve 50%
do total desse material produzido no Brasil. Ocorre que o fio de poliéster, que
geralmente é associado ao algodão, confere algumas valiosas propriedades ao
tecido. Por exemplo, estabilidade dimensional, que impede que o tecido encolha
ou entorte, solidez na cor, resistência e durabilidade com mais qualidade
durante muito tempo. “Essa mistura é sempre benéfica”, resume o presidente da
Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET), Auri Marçon
De acordo com Marçon, o uso desse
tipo de poliéster diminui a gramatura do tecido, porque o fio fica mais fino,
tornando-o mais desencorpado. O resultado é um tecido mais suave, mais leve. É
só comparar um terno de microfibra atual e um de linho, usado no passado, que
deixava o usuário totalmente amassado, quase mastigado, compara.
Ideal para pijamas, pois evita
que o tecido amasse, e na moda íntima, o PET reciclado está chegando ao
universo masculino. A D’Uomo, uma das maiores fabricantes de cuecas brasileira,
está lançando um modelo feito com poliéster originário de garrafas PET
recicladas.
Mas, embora o mercado têxtil
esteja quase maduro, o uso do PET reciclado começou no corporativo - os
uniformes profissionais já usam o PET reciclado há anos ,depois no
institucional, com as camisetas promocionais, até chegar ao consumidor final.
“Algumas grandes marcas lançam
coleções periódicas com o produto. No entanto, embora desde 2001 o PET
reciclado venha sendo utilizado por grifes, só em 2007 isso começou a ser
anunciado oficialmente em desfiles”, relata Marçon.
As aplicações do PET reciclado no
mundo fashion não se resumem ao vestuário.
A indústria de calçados também é sua
grande consumidora. A maioria dos tênis e sapatos traz em sua estrutura uma
espécie de tela, um não-tecido, no qual se espalma o produto. Integrando a
maioria dos lançamentos sustentáveis da última Francal, realizada em julho, o
PET reciclado foi o destaque de um tênis totalmente 3Rs (reduzir, reutilizar e
reciclar) da Via Uno, que tinha 35% de sua composição total formada por esse
poliéster.
A resina e o PET reciclado
A resina PET – Poli (Tereftalato
de Etileno) – é um poliéster e foi desenvolvida por químicos ingleses no final
da Segunda Guerra Mundial, para a produção de fibras têxteis, que tiveram
grande expansão na década de 60. A partir dos anos 70 posiciona-se como
matéria-prima alternativa para ser usada em mistura com algodão. Nesse período,
passa por modificações em sua estrutura química, que permitiram sua
transformação em garrafa. A partir do final da década de 90, a garrafa de PET,
que é descartada, transforma-se novamente em fibra, essa fibra, quando
misturada com algodão torna-se um tecido, destino inicial da resina, quando
descoberta.
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